quarta-feira, 2 de março de 2011
Os paulistanos contam com 40 km de ciclovias, contra 18 mil km de vias públicas utilizadas somente por veículos automotores...
A Justiça do Rio Grande do Sul deve decidir nesta quarta-feira (2) sobre o pedido de prisão preventiva do funcionário público Ricardo José Neis, 47 anos, que atropelou um grupo de ciclistas, em Porto Alegre, na sexta-feira (25). Neis foi atendido, nesta quarta-feira, em uma clínica psiquiátrica, e liberado em seguida.
O advogado Luís Fernando Coimbra Albino, que representa Neis, disse que seu cliente procurou tratamento porque se sente "estressado e abalado" com o que ocorreu. "Ele está chocado e transtornado, afetado psicologicamente pela virulência que a imprensa deu ao fato, diz o advogado.
Todo morador de São Paulo que já pedalou em meio ao trânsito já sentiu as dificuldades: falta de ciclovias,desrespeito de grande parte dos condutores motorizados, e a própria vida em risco. Pedalando ganha-se outra perspectiva da divisão do espaço urbano. A exposição do corpo desprotegido em meio aos carros,que raramente diminuem a velocidade e tomam a devida distância ao ultrapassar um ciclista, é a evidência do risco e da cultura instituída de que a rua é só para o carro. Lembrando que o código brasileiro de trânsito, reconhece a bicicleta como veículo a propulsão humana, dando algumas considerações como, ao ultrapassar um ciclista, o veículo deve estar a não menos que 1,50 mt do mesmo.
Foi revelado, em pesquisa da Nossa São Paulo/Ibope,de setembro de 2010, que 87% dos ciclistas diários sentem-se desrespeitados no trânsito, assim como 75% dos ciclistas eventuais. Por outro lado,92% dos entrevistados disseram se favoráveis à construção de mais ciclovias, enquanto apenas 13% responderamque jamais usariam bicicletas na cidade. Vale registrar que o desrespeito ao pedestre, a má qualidade das calçadas e o insuficiente transporte público também são apontados como motivos de insatisfação dos paulistanos. Pedestres,ciclistase usuários de transporte público sentem-se insatisfeitos. O que demonstra que há algo de errado no cotidiano dos paulistanos,que contam com apenas 40 quilômetros de ciclovias, calçadas em péssimo estado e somente 160 quilômetros de corredores de ônibus em 18 mil quilômetros de vias públicas. Públicas? Será que realmente são públicas? Ou reservadas prioritariamente para um modelo automobilístico próximo da exaustão,dado que várias cidades vivem cada vez mais poluídas e congestionadas.
No orçamento de 2011 aprovado pelo Legislativo paulistano, a Comissão de Transportes da Câmara Municipal incluiu uma emenda que prevê R$ 15 milhões para a elaboração de um Plano Municipalde Mobilidade e Transportes Sustentáveis. Essa iniciativa contou com o apoio de organizações da sociedade, que também colaboraram com um conjunto
de diretrizes para o Plano. Dentre as diretrizes propostas há um Projeto cicloviário para cada uma das 31 subprefeituras da cidade, além de uma ciclovia tronco que permite a interligação entre todas. A cidade necessita de um planejamento de curto, médio e longo prazos para a sua mobilidade, e a Comissão de Transportes da Câmara, assim como organizações da sociedade civil, deram grande contribuição para a realização do Plano de Mobilidade. Agora, com recursos orçamentários disponíveis, resta ao Poder Executivo dar o encaminhamento para que a população possa começar a enxergar alguma luz no fim de algum túnel congestionado e poluído.
Em Porto Alegre, centenas de pessoas protestaram contra a violência no trânsito. Os manifestantes se concentraram na região central da cidade e percorreram ruas a pé e de bicicleta.
A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio Grande do Sul pediram à Justiça, na segunda-feira (28), a prisão preventiva de Neis.
Segundo o MP, o pedido, protocolado no plantão judiciário do Fórum Central de Porto Alegre pelos promotores Eugênio Amorim e Lúcia Callegari, destaca que houve tentativa de homicídio qualificado, por motivo fútil e por recurso que dificultou a defesa das vítimas.
Créditos;
Texto
Andrea Magri, por
Maurício Broinizi Pereira
Fotos
Henrique Abreu
Edu Andrade
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