segunda-feira, 28 de março de 2011

São Paulo, onde matar é banal... aconteceu novamente..



Depois da eleição, das promessas e dos discursos, recebemos a notícia que dos R$ 34,6 bilhões previstos no orçamento de 2011 para São Paulo, apenas uma rubrica de R$ 1 milhão e outra de R$ 1 mil são destinadas para a infraestrutura cicloviária da cidade.

E apesar de a bicicleta ser um meio de transporte muito eficiente e capaz de aliviar o trânsito das grandes metrópoles, a maior parte da verba destinada ao ciclismo estará alocada na Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, responsável pela construção de ciclovias em parques e em áreas de lazer. A Secretaria dos Transportes ficou com a rubrica de R$ 1 mil, valor simbólico e que não servirá para nada.




Em uma cidade como São Paulo, em que 70% das 147 mil viagens diárias de bicicleta são utilizadas em deslocamentos para o trabalho e conta com apenas 21,8 km de ciclovias efetivamente apropriadas para o deslocamento urbano, iniciativas a favor da bicicleta deveria ser protegidas e preservadas, mas mesmo neste cenário que aponta extrema necessidade de investimentos para este modal, existem na cidade dois bicicletários totalmente construídos e prontos para servir ao público, mas fechados, e uma ciclovia removida para "evitar" acidentes com veículos.

Se não bastasse os bicicletários de Parelheiros e São Mateus ainda com suas portas trancadas enquanto dezenas de bicicletas se amontoam amarradas em postes próximos a suas instalações, agora temos que olhar incrédulos a remoção de 1800 metros de uma ciclovia em Parelheiros que servia como ponte segura para centenas de trabalhadores que fazem diariamente da bicicleta seu meio de locomoção pela Estrada da Colônia.
Esta ciclovia foi retirada por solicitação do Ministério Público devido a doze acidentes envolvendo apenas veículos motorizados e em nenhum caso envolveu ciclistas.



Quem mora ou conhece a região da Estrada da Colônia que liga Parelheiros ao bairro de Vargem Grande sabe que é comum os veículos abusarem da velocidade e se houve acidentes envolvendo carros de passeio e motociclistas com colisões e capotamentos, teria que ser revisto a sinalização local, maior fiscalização e o limite de velocidade da via, e não culpar e sacrificar a ciclovia pelos ocorridos, atribuindo a causa da maioria dos acidentes a inocentes e reluzentes “tartarugas” que segregavam e mantinham o ciclista seguro e longe do motoristas, estes que jamais respeitam a distancia lateral de 1,5m e muito menos a redução de velocidade ao ultrapassar um trabalhador montado em sua bicicleta.

Exemplo de bicicletário.

Quem mais precisa de suporte e proteção sente com uma nudez o desamparo e a exposição à violência do transito.

Além de desamparar a periferia, a prefeitura agora mostra números no mínimo equivocados nos investimentos cicloviários para a cidade. Acompanhando o plano de metas da gestão Kassab, mais precisamente a meta 107 que cria “100 km de ciclovias na cidade”, encontro como obras finalizadas e já entregues 2,5 km de ciclovia em Pinheiros, 3 km de ciclovia no Socorro e 2,5 km de ciclovia em Vila Mariana, mas em visita a estes bairros não encontrei nada que lembre estes investimentos. O que posso pensar a respeito?



Não é a primeira vez que no site de acompanhamento de metas constam obras entregues e quando vamos ao local verificar estas obras não são encontradas.

A cidade de São Paulo tem hoje 250 mil bicicletas circulando todos os dias e menos de 30 quilômetros de ciclovias. Há condições de imediato para a implantação de 104 km entre ciclovia, ciclofaixas e tráfego compartilhado no município.

Metrópole “viciada” em automóveis, com uma frota de 6 milhões de carros, São Paulo está longe de privilegiar o transporte alternativo em bicicletas, comum em grandes cidades do mundo. A capital tem apenas 23,5 quilômetros de ciclovias ante 625 km em Berlim, 379 km em Paris, 400 km em Amsterdã e 300 km em Bogotá e em Copenhague. Pior, as melhores ciclovias paulistanas ficam em parques, que concentram 19 quilômetros. As de rua, como nas Avenidas Sumaré e Faria Lima, estão inoperantes e em péssimas condições.

Raio X das ciclovias

Avenida Sumaré (1,4 km). A pista é malconservada e há várias elevações por causa de raízes, árvores e buracos. Não há sinalização correta.
Brigadeiro Faria Lima (1,3 km). Há seis pontos de ônibus dentro da ciclovia e grande tráfego de pedestres. Um pedaço foi destruído com as obras do Largo da Batata. Também não é sinalizada corretamente.

Adutora Rio Claro (São Mateus, 7 km). É muito mais uma calçada cheia de curvas. E em alguns locais chega a ter apenas 20cm de largura - quase não cabe uma bicicleta. Está destruída em alguns trechos, com brita e cascalho somente e em outros fica bem na frente da porta de algumas casas voltadas para o parque. Também não é sinalizada corretamente.

Orla da Guarapiranga (Capela do Socorro, 3 km). Essa na zona sul está bem sinalizada e é bastante usada, apesar de ser interrompida por calçadas em quatro trechos.
Radial Leste (12 km). Está bem sinalizada e é utilizada.
Marginal do Pinheiros (14 km). Está bem sinalizada e é utilizada, mas há críticas sobre o horário de funcionamento e ainda faltam pontes e viadutos de acesso.
Ciclofaixa de Lazer (30 km). Ela tem, na verdade, 15 km em cada sentido. Apesar do nome, não pode ser considerada via exclusiva para ciclistas como determina o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), pois só funciona aos domingos.



Fontes
http://nossasaopaulo.org.br/
http://www.urbanriders.com.br/transplants/viewtopic.php?f=39&t=8140
http://outrapolitica.wordpress.com/2008/07/28/ciclovias-em-sao-paulo-so-235-km-para-300-mil-ciclistas/
www.chicomacena.com.br
www.r7.com

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